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segunda-feira, 15 de março de 2010

A vida fora da casa dos pais, exatamente como ela é !

Tem um tempinho que estou querendo atualizar isso aqui, mas a preguiça nao me deixa. Pensei em tanta coisa, comecei a escrever um texto sobre o carnaval e parei, depois veio a minha cabeça a ideia de falar sobre o verão, fim das ferias e vestibular mas tinha passado da época, entao fiz um esboço sobre as escolas de samba e em especial sobre a campeã do Rio mas também desisti e há semanas estou pensando no que escrever.. E claro que tem que ser um assunto que condiz ao meu blog, algo do cotidiano e que façam que vocês, leitores se identificarem e gostarem do que estão lendo. Foi nesse momento que conversando com um amigo lembrei de um tema que nunca falei por aqui: a vida universitária fora da casa dos pais. Afinal, todo mundo já passou por isso ou ao menos pensou e/ou idealizou passar no vestibular e sair de casa, pensou nas festas, na independencia e na liberdade que supostamente tem quando sai de casa pra estudar ou trabalhar em outra cidade, estado ou país.

Eu pelo menos sempre desejei isso e, não pensava em outra coisa quando comecei meu 3º ano do ensino médio.. Morei em três cidades diferentes por conta de estudo, com pessoas que eu jamais vi, dividindo o mesmo ambiente e, as vezes até a mesma comida. Alguns outros momentos, dividi historias, alegrias e até lágrimas. E quando somos adolescente nem pensamos nas responsabilidades dadas a nós quando saimos de casa, sao tão grandes que só percebemos depois de um bom tempo morando fora de casa. Você tem que aprender a administrar sua "mesada". Aprende que lavar banheiro não é só jogar agua e sabao ou que após comer ou beber agua é seu dever limpar para nao acumular sujeiras. Aprende que fazer arroz pode ser mais complicado do que voce pensa e uma distração sequer ele pode queimar. Aprende que fazer compras no supermercado pode ser uma contençao de gastos... comprar nutella, coca-cola e pizza são produtos do final da lista e muitas vezes impossíveis de consumi-los. Aprende que 0,50 centavos fazem toda a diferença no final do mês e que miojo e congelados sao sempre suas comidas prediletas.. afinal sao baratos, rápidos e praticos e o importante é nao passar fome. Aprende que abrir seu guarda-roupa e ver que a roupa que você planejou sair está imunda é frustante mas ao mesmo tempo aprende que lavar roupa na mão nao é a pior coisa do mundo. Entrar no cheque especial é super comum quanto dizer todos os dias, mesmo antes do mês nem começar que você nao tem dinheiro. Pedir aos pais mais dinheiro para xerox ou livros e aumentar valores para complementar nos gastos do buteco da sexta ou da chopada do sábado são atitudes quase que diárias. Aprende que suas saídas começam na quarta-feira mesmo que muitas vezes voce nao queira ... a festa surge na sua casa quando voce menos espera. .Aprende a ir fazer prova de ressaca, já que foi impossivel evitar a saída na noite anterior.. vai sem saber nada e conta sempre com a ajuda daquele seu amigo nerd, aprender a frequentar a biblioteca durante as horas vagas , já que voce terá uma prova de economia com aquela professora que fará de tudo para te dar zero. Aprende a virar madrugadas estudando porque o seu dia foi ocupado pelos afazeres domesticos. Percebe que é nos dias de TPM que voce chora por qualquer coisinha e deseja mais que nunca a casa da sua mãe, o paparico da sua empregada com aquele prato que só ela sabe fazer. Aprender a atender telefonemas de bebados de madrugada em qualquer hora que seja e no outro dia nem lembrar do fato.

Como se tudo isso não bastasse, voce ainda aprende a conviver com pessoas estranhas e impertinentes, aprende a engolir desaforos para evitar brigas desnecessárias, aprende a dizer não e aprende que tudo tem de ser dividido e bem guardado.. até mesmo sua comida. Aprende a se doar, aprende a conversar, discutir e muitas das vezes aprende a sentir falta de tudo isso quando está de férias. Não é nada fácil como todos pensam, mas é extremamente amadurecedor. É uma daquelas experiencias que todos deveriam ter, pois traz aprendizados não só pessoais, mas profissionais e amorosos tambem.. lições para vida toda.

Morar sozinho é exercitar a loucura de nascer todos os dias no tempo. É caminhar entre os meses como quem chuta pedras no chão. É querer que o dia tenha 48 horas e acreditar fielmente que ele possa ter. É sentir falta de de pequenas coisas, dos momentos simples como a sua mãe te chamando pra acordar, do seu pai te levando pela mão, dos desenhos animados com seu irmão, do caminho pra casa com os amigos e a diversão natural, do cheiro que você sentia naquele abraço, do almoço gostoso em família e até mesmo dos latidos do seu cachorro as 6 da manha. Morar sozinho é aprender coisas que vao ser essenciais pro resto da sua vida como não fazer somente para agradar as pessoas, aprender a ter cuidado com quem anda desabafando, contar até três (tá certo, se precisar, conte mais) antes de fazer algo que possa se arrepender é primordial. Aprende que nem todo mundo é tão legal assim, e de perto ninguém é normal. Os amigos de verdade ainda se contam nos dedos e nao é porque uma pessoa mora no mesmo teto que voce deve confiar nela. Aprende que esperar não significa desinteresse. Aprende que renunciar não quer dizer que não ame. Abrir mão não quer dizer que não queira e que discussões sao essenciais para um bom relacionamento diário. O tempo ensina, mas não cura. E aos poucos você percebe o que vale a pena, o que se deve guardar pro resto da vida, e o que nunca deveria ter entrado nela. E aprende mais que nunca que morar fora é legal, mas é foda , e as vezes paga-se muito caro pela "liberdade".




2 comentários:

Diego dos Santos disse...

Levando em conta somente o texto, não vejo a hora de passar por algumas dessas situações...

Mas GARANTO que minha casa será limpa e organizada! Você verá!

Lucas Bastos disse...

Primeiro tenho que começar comentando este título à la Nelson Rodrigues. Pensei que esta pretensão fosse exagerada, mas logo durante o texto vi que pode ser verdadeira. É, vi apenas. Não posso confirmar pq nunca passei muito mais que uns dois meses morando sem meus pais... Só em viagens minhas ou, mais comum, em viagem de algum deles. Principalmente em viagens de minha mãe, come quem morei até fim do ano passado.

Neste ano estou morando com meu pai, mas nossos horários mal se batem e, por mais que ele não deixe faltar nada em casa, começo a ter que administrar minhas despesas cotidianas, controlando nos meus gastos com comida pela rua (raramente consgigo fazer uma refeição decente em casa por conta da correria e horários), tranposte, combustível e manutenção do carro, telefone, plano de saúde, baladas, boteco e gastos em geral. Certamente esta experiência que escolhi fazer está me ajudando a amadurecer financeiramente, e em breve devo morar um tempinho fora, possivelmente sozinho de verdade, pra passar por outras experiências descritas sutil ou escancaradamente por você neste texto.
Acho que, realmente, esta experiência de morar sozinho deve ser bem válida em muitos sentidos.

Vejo que no texto você narra mais situações cotidianas e por isso comparei-me um pouco e tal... Felizmente (ou não) estou livre deste problema da TPM, mas não sei se isso muda muito... Cada jovem pensa de uma maneira, mas na essência temos coisas em comum e sempre um fio de vontade pelo menos por essa chamada "liberdade".

Certamente o último parágrafo foi o melhor do texto, fechando com classe a ideia curiosa que o título dá sobre esse seu "exato" conhecimento a respeito da situação narrada.
É super agradável pensar sobre esses paradoxos levantados. Pensar que algo do qual sempre reclamamos e desejamos nos livrar pode ser, por alguns instantes, nosso maior desejo. Pensar que podemos ser tudo que queremos, mas ao mesmo tempo não podemos, não suportamos ser tudo. É querer abraçar o mundo todo de uma vez só mas ao mesmo tempo ver que o foco é necessário quando menos ligamos.

Certamente a reflexão que fica é: Pessoas mais velhas às vezes se dizem decididas do que querem ou realizadas. Eu duvido. Mas certamente esse "ter humano" passa a ocupar menos espaço sobre desejos e vontades futuras, sendo ocupado por quereres presentes. Nós, jovens, queremos testar de tudo, e só depois vemos que tem coisas que sequer precisariam ser testadas, mas experiências como essas são fundamentais prum aprendizado auto-didata.