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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Encontro marcado com o Circovolante!! Muito além de boas risadas..

Hoje tem marmelada? Tem sim, senhor! Hoje tem goiabada? Tem sim, senhor! Hoje tem espetáculo do Circovolante? Tem não, senhor!
Todas crianças, jovens, adultos e principalmente a produção do 5º Encontro Internacional de Palhaços acorda hoje triste e alegre ao mesmo tempo. Alegre porque certamente todos iriam descansar no dia seguinte, mas triste porque o encontro desse ano chegou ao fim. Foi um longo trabalho que foi além de apenas 4 dias, com a pré produção para receber palhaços do mundo inteiro. E só quem esteve durante 4 dias quase que durante 24 horas sabe a importância que o Encontro tem.
Corre pra cá, corre pra lá.. É uma imensa equipe que  cuida dos mininos detalhes para tudo estar impecável para o público e que também se entristece quando não consegue fazer o planejado, mesmo quando tenta  o impossível para que dê certo, mas as vezes os problemas técnicos não podem se resolver em poucas horas. Foi o que aconteceu com o espetáculo do homenagedo Chicrete. Ele não se apresentava desde 2001 e seria sua estreia depois de tantos anos longe. Quando soubemos que era impossível resolver, toda a produção se estristeceu e a nossa vontade era juntar todo mundo e nós mesmo montar e desmontar tudo para que pudesse acontecer, mas infelizmente nem isso era possível, fugia do nosso controle. Mas quem disse que isso deixou o palhaço Chicrete pra baixo? Seu Aridelson, tem 74 anos e uma maneira de viver a vida que muitos jovens de hoje nunca vão entender. Poucos minutos ao seu lado conversando já é mais que suficiente para você se apaixonar pela lição de vida pessoal e artística que ele tem. Sempre chegando na sede com aquele sorriso no rosto que mais parece de um menino ainda pequeno tentando conhecer a vida do circo.
Se assustou com a idade desse senhor que ainda é um grande artista do circo? Então acalme-se até que eu te conte do Palhaço Alegria. E como o próprio nome já diz, o palhaço alegria é pura alegria. Aos 80 anos ele distribui alegria e contagia a todos. E acredite, quando fui acompanha-lo no hotel ele não me deixou carregar suas malas (risos) e me pediu pra ter cuidado com seus sapatos, sua segunda paixão na vida, porque a primeira é sua esposa que o acompanha para todos os lados. Durante o cortejo, que estava atrasado, ele estava inquieto e andava pra lá e pra cá e eu cheguei perto dele e disse:
- Tá demorando começar, né?
E ele, com uma com a maior calma do mundo, já com sua roupa de palhaço, me respondeu:
- Nada, é assim mesmo, essas coisas demorando. Eu gosto de ficar andando pra lá e pra cá porque sentir esse clima da criançada. É a melhor coisa.
Sempre muito receptivo e com aquele sorriso de vô no rosto, todos os momentos que ele chegava na sede do Circovolante era sempre com essa alegria e felicidade estampada no rosto.
Por falar em cortejo, só quem vai todos os anos pra sentir a emoção que o Circovolante transmite. Tudo começa as 15:00 horas na sede quando os narizes vermelhos e bochechas rosadas começam a dar cor nos rostos da criançada. A fila não pára e a produção fica louca, afinal ter mais de 10 crianças puxando na sua barra da calça pedindo isso ou aquilo não é algo que costuma acontecer todos os dias. A correria só aumenta e os nomes que mais se ouvem é: "Ô Jack", "ô Jackelllne", "Ô Jaquee", "ô Diack", "Giaaaque". E acredite é a mesma pessoa, responsável pela produção executiva e ela não fica louca, mas chega quase lá. Dá uns esporros de vez em quando, uns gritos mas você consegue ver claramente em seus olhos que ela ama tudo isso. E mesmo quando acaba o horário permitido para as caras pintadas, os pais ainda chegam cada vez mais e mais e nos enlouquecem junto com as crianças. Mas o cortejo tá saindo, corre senão você fica pra trás. Momento de muita emoção! Hebe Hola declama poema dedicado ao homenageado e em volta dela você consegue ver palhaço para todos os gostos, jeitos e maneiras que você quiser ou imaginar. O Circo está formado! Não é uma lona, mas é um cortejo ao som de muita musica e muita alegria. Quem ficar por ultimo é a mulher do padre.
Mas não pára por ai: tem o Vira-lata: o palhaço está solto que em plena quinta a noite, que conseguiu atrair sorrisos e boas gargalhadas de todos na Praça da Sé lotada mesmo com o frio. Teve a Família Clou que é a mais fofa do Brasil no espetáculo e fora dele. Eles foram além e mostraram que a cultura é pra todos independente de condição física ou psíquica. Emocionaram o público do Jardim e fizeram duas crianças cegas no publico não só ouvir mas sentir o palhaço. E não se contentaram com tamanha emoção, foram ao asilo de idosos e deram um show de alegria para as mais velhas e eternas crianças. A paixão pelo circo e o prazer em fazer o que amam ultrapassa todos as barreiras. Na nossa sede, toda vez que um deles se aproximava era possível sentir as boas energias que eles possuem e conseguem transmitir só de estarem perto.
Tinha também a Cia. El Indivíduo com suas cadeiras e suas façanhas sob elas. Teve bate-papo com Verônica Tamaoki, coordenadora do primeiro Centro de Memória do Circo, criado em São Paulo e conversou com o publico. Ela contou fatos e histórias sobre os circos brasileiros, trazendo lembranças e resgatando a identidade artística e cultural para o publico que estava presente. Teve o Grupo Circunstância dando um show envolvendo circo, teatro e musica no domingo a tarde, assim como a Banda Osquindô, que além da musica, produziu um espetáculo digno de aplausos.  Não era o time de futebol brasileiro, mas os pernas de pau arrasaram no futebol na praça da sé, assim como ateliê da Comicidade que se preparam durante um bom tempo para o espetáculo, usando objetos inusitados como lata de tinta. Ousaram e abusaram da musica, que tinha direção de Rodrigo Robleño.
Teve também o Chameguinho, que chegou na ultima hora e ainda assim lotou o Jardim no sábado a noite. Cheio de charme e chamengo, carismático e interagindo com o público ele conseguiu fazer um grande espetáculo com gostinho de quero mais. Já o Domingo foi dia de trapalhada, digo, de Dedé Santana e Baiaco, pra matar a saudades dos Trapalhões. A risada foi garantida e as piruetas também. Pais que cresceram vendo os trapalhões, estavam com seus filhos prestigiando o espetáculo emocionados. E a fila no camarim depois do espetáculo era enorme. As assistentes de produção ficavam malucas. O próximo grupo já ia chegando e trocavam de roupa ali mesmo, com Dede, produção e os fãs de Dede Santana. Uma verdadeira loucura e acredite, a chuva lá fora não dava trégua. Baiaco acompanha Dede no show e durante o encontro também, ele foi durante muitos anos o dublê de Didi e se tornava durante o encontro uma das grande atrações, mas também uma das grandes emoções de Biribinha. A turma do Biribinha também não deixou de comparecer e mais uma vez Teófanes Silveira deu um show em plena sexta a noite. No Domingo ao comparecer na sede batemos um bom papo e ele me disse:
- Tive a maior emoção da minha vida no encontro desse ano. Fui amigo de infância de Baiaco e depois de 50 anos reencontrei com ele aqui. Foi o abraço mais apertado e emocionante que eu já tive.
Arrepiei e ele começou a me contar não só sua história e relação com ele, mas com o circo. Ele que no ano passado morou em sua casa apenas 12 dias e esse ano só foram 3. Do resto ele vive nas estradas e nas cidades onde se apresenta , faz isso há mais de 40 anos. Aos seus 66 de idade ele se considera a pessoa mas feliz do mundo e acredita que o palhaço seja uma das pessoas mais fortes que existam. 



Teve também o Chacovachi que veio diretamente da Argentina. Tinha o Teatro de Anônimo, o Dois irmãos, o Carota , o Lapatera, o La Mínima. Mas tinha também o Xisto que é o poderoso, o João que não larga o placo por nada , a Jack que é chamada por tudo e todos, a Carolzinha que se vira nos 30 e fica ligada no 220 o dia todo, a ana que é amélia e não larga da cozinha por nada, a Bárbara magrela que é tão doce  e meiga como a goibada de são Bartolomeu, a Mayra que vem lá de Ouro Preto, a Nathalia que é paulista mas que ama MG , a Gisele que vem do Oskindô e o João Victor que não larga das redes sociais e mantêm todo mundo informado. Tem também a eliane que fala manso e calmo, mas que no fundo está tão louca como todos nós. A Lalão que customiza as camisas e o Adão que faz tudo, até vigia ele vira quando precisa dele nos 45’ do segundo tempo. Tem o Felipe que é o cara do carro e o Samuel que junto com um tanto de gente carrega e descarregada tudo de lá pra cá. Tem o gordinho com sua equipe do som e os técnicos da luz que bem aos poucos aparecem. Tem a Nath e o Lincon que deixam o espetáculo marcado na memória de boas fotos que são recordadas pra sempre, assim como o Marcelo do dread que entrevista aqui, entrevista lá e deixa registrado o sentimento de cada um que por aqui passa. E tem a Mayra Lopes com a Doizum Comunicação que cuida da imprensa. Tem o curso de Jornalismo da UFOP marcando presença: é a Verbalize Empresa Junior e os alunos da cobertura jornalística que não páram um minuto e reafirmam sua paixão pelo curso em cada dia do evento. É uma grande família. E ela tem pai, mãe, primo, prima, subrinha, cunhada. Todos eles vindo de Governador Valadares, da casa de Xisto Siman, mas que em muitos momentos pegavam no batente e ajudava essa produção enlouquecida.
Gente simples, elegante e sincera que fez e faz o encontro acontecer. Gente que ama o que faz, que se apaixona, se emociona, se comove, que não dorme e que já esta morrendo de saudades de tudo e todos.
No ultimo dia do encontro, Rodrigo Robleño chegou na sede do Circovolante onde estava a maioria da produção e brincou:
- e ai turma, isso está parecendo redação da NY Times.
Pode não ser a NY Times, mas as histórias que passaram por ali todos os dias, são tão grandes e importantes como as da NY Times. Todos os dias ouvi historias e casos dos mais variados assuntos, mas que de uma maneira ou de outra conseguiam me arrepiar. E tirei uma conclusão: o palhaço é um dos artistas mais fortes que eu conheço! Não somente fisicamente, mas mentalmente! A maioria, seja ele com seus 80 anos ou mais jovem com 8 anos de idade, pulam piruetas, cambalhotas, sobem, descem e encantam as pessoas com suas piadas e espetáculos, mas também com seu olhar, sua conversa amiga e sua maneira de viver a vida.
O Circovolante não produz apenas um encontro internacional de palhaços, ele produz alegria e transforma o sonho de uma criança ou de um adulto em realidade. Faz com que aquele momento mágico se torne memoria pra sempre na vida de cada um que por aqui passa, sejam eles palhaços ou o público. E a cidade se identifica, apóia e quer sempre mais. Mais do que proporcionar cultura e entretenimento, realiza também um trabalho artístico e social capaz de deixar essa saudades gostosa que não sai de mim.
Mas quem viu viu, quem não viu pode separar a melhor roupa e se preparar pra próxima quinta-feira no Distrito de Santa Rita Durão e sexta-feira no Distrito de Bento Rodrigues para o espetáculo Sem Refresco, apresentado pelo próprio Circovolante. Se você perder essa também, ai só em 2014 com o 6º Circovolante – Encontro Internacional de Palhaços que tem previsão de ser realizado em abril ou maio. Coitada dessa produção, nem vai ter tempo pra descanso.

Não foi, mas que saber o que rolou?
Você foi, e quer conferir as fotos e os próximos eventos?




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